quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A tragédia de Santa Maria e um país movido a televisão.


Moramos em um país em que nada funciona corretamente, a exceção é o imposto de renda, todos sabemos disso, mas basta uma tragédia ou um acontecimento com alguém famoso que as soluções aparecem na televisão, como se o problema não existisse antes.

As tragédias do mês de janeiro são o nosso exemplo anual, todos os políticos aparecem e prometem soluções emergenciais, que no ano seguinte descobrimos que nada foi realmente solucionado.

Na tragédia de Santa Maria, a primeira providência foi tentar achar o culpado, como se fosse o caso de um atirador que tivesse feito tudo sozinho. É claro que é necessário encontrar os responsáveis, porém não existe  um e sim vários.

No domingo, dia da tragédia, a imprensa sensacionalista já culpava a figura dos seguranças, que não deixavam as pessoas saírem sem pagar, apesar do fogo. Tudo indica, por depoimentos de sobreviventes e a triste imagem abaixo, também, prova isso, as pessoas demoraram perceber que corriam risco, que dirá as pessoas que trabalhavam na portaria.


A garota escreveu no Facebook no início do incêndio.
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O delegado que cuida da investigação, achou que alguém deveria ser preso, decretou a prisão de dois integrantes da banda, que supostamente iniciaram  o incêndio, e de dois sócios da boate, um inclusive está internado, pois estava na boate na hora da tragédia. 

O delegado ainda deu uma declaração que os seguranças eram mal equipados, pois não trabalhavam com rádios de comunicação. Gostaria de ver alguém usando aqueles comunicadores "HT" em uma boate lotada.

Por todo país começaram a fiscalizar todas as boates, querem: alvarás, saídas de emergência, equipamentos de segurança, instalações etc. o problema são as boates, afinal: supermercados, igrejas e outros locais que comportam públicos até maiores não acontecem tragédias.

Quem conhece a "Feirinha da Madrugada" em São Paulo, pelo país deve existir inúmeros lugares iguais, sabe que se acontecer algo semelhante em um lugar daqueles, nem é bom imaginar.

A presidente foi até Santa Maria, ao menos deu uma dentro, e outros políticos também foram ver a tragédia de perto. Porém inúmeras famílias de vítimas receberam ajuda de voluntários para que pudessem acompanhar os feridos em outras cidades. A presidente e os outros políticos poderiam ter mostrando solidariedade e também usado o aparato estatal para ajudar os familiares, era o mínimo que deveriam ter feito.

Aqui em Franca, fecharam uma boate e o promotor divulgou que mais de 40 estabelecimentos estão irregulares, olha como a tragédia fez aparecer um número de tragédias possíveis. Lembrando que Franca é conhecida, justamente, por nunca conseguir manter público para boate. Imagine em cidades com muitas opções.

O bombeiro de Santa Maria, em entrevista, falou que a vistoria não havia ocorrido pelo fato de haver muitas, mais de 2000 (duas mil), solicitações a serem realizadas, quando o proprietário a solicitou. Não precisa de vistoria então, se pode demorar tudo isso.

São tantos fatos absurdos, que cercam o antes e depois da tragédia de Santa Maria, que lembra o caso da atriz que teve fotos pessoais divulgadas na internet. Antes ouvíamos que a internet é um território sem lei, de difícil fiscalização, por isso tantas fraudes e pedófilos ficavam impunes, quando envolveu as fotos da atriz: quem divulgou foi preso rapidamente e algum deputado divulgou um projeto de lei, com o nome da atriz, para uma internet mais segura no país. 

Vivemos em um país que só funciona diante das câmeras, por isso brasileiro gosta tanto de novelas, vivemos um grande novelão da vida real.

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