sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A Educação é direito de "todos"?


No Brasil, as discussões levam em consideração tudo, menos a realidade de quem a vive.

Na área da segurança pública e da educação então, nem se fala. Soluções lindas e nada realistas são propostas por pessoas que desconhecem a, triste, realidade.

Aproveitando o momento da divulgação da inócua mudança na grade curricular do ensino médio, apresento um excelente texto de uma professora que conhece bem a realidade:

"E lá vamos nós pra mais um capítulo da novela que se tornou a educação... É absurdo como todo mundo, seja lá de que área for e com conhecimento nenhum, interfere em algo tão sério. 
 
Eu fico pensando em quando é que um iluminado "lá de cima" vai descobrir que a educação escolar não é para todos!!! 
 
Que me desculpem os direitos humanos, o ECA, a LDB, os PCNS, os pactos, deliberações e tudo o mais de papel burocrático que veio nos dizer que a "educação é direito de todos" e tornar esse direito um dever, nos fazendo aturar em nossas unidades escolares aqueles que não possuem problema nenhum em dizer que não querem estudar e que vão pra escola pra não fazer nada mesmo, só para contar presença pra que o Conselho Tutelar não "encha o saco". 
 
Veio a universalização do ensino os enfiando nas escolas, veio a inclusão que prevê a integração de todos, solicita em tons de ameaça que gestores e professores se adequem e também à escola para oferecer um processo de aprendizagem diferente pra esses alunos com necessidades educacionais especiais, mas que envia material igual para todos e avaliações externas da mesma forma, que em momento algum levam em conta as possibilidades de cada um. Temos igualdade, não temos justiça. 
 
Não adianta mudar a grade curricular, não adianta criar deliberações solicitando e obrigando o preenchimento de inúmeros documentos que só servem pra ocupar espaço, não adianta dizer que o professor é tradicional e por isso os "novos alunos" da modernidade não se interessam pela escola. 
 
Não adianta acrescentar/diminuir disciplinas, não adianta aumentar/reduzir aulas, não adianta criar escolas de tempo integral, não adianta oferecer o mundo pra quem não quer. É preciso parar de estragar um processo por conta de se obrigar aqueles que não querem passar por este... 
 
Se "o cara" não quer aprender a ler e escrever que poder temos para obrigá-lo? 
 
Se não quer saber as operações matemáticas que mágica o fará aprender se ele nem mesmo tenta? 
 
E não adianta me dizer que um adolescente não sabe das suas escolhas porque ainda não tem maturidade... ele até pode não saber mas as faz e não é porque está lá na sala de aula contrariado que vamos garantir a aprendizagem. 
 
A educação vai mal, não por conta dos malditos índices, pro inferno com eles! Vai muito mal porque nada no mundo é pra todos, porque não se obriga alguém a fazer algo que não deseja durante 12 anos!!! 
 
Quando alguém descobrir esse fato tão simples, ou aceitar essa verdade, aí as coisas podem mudar. 
 
Fogos de artifício, balões e palmas não trarão qualquer mudança!!!"
 
Texto da professora: Jaqueline Vieira. Excelente profissional, do qual tive o prazer de trabalhar junto e saber que não é um texto de um teórico.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

A "cultura do estupro" e a idiotice do brasileiro.




Você com certeza deve ter ouvido ou lido, nos últimos dias, alguns "entendidos" ou feministas falarem a respeito da tal "cultura do estupro" do brasileiro, parece até piada, mas vamos lá.

Você pratica corrida de rua ou caminhada? Caso a resposta seja sim, você já ouviu:

"Cuidado por onde for passar, não fica "dando bobeira" com celular não, é perigoso".


Você anda de bicicleta? Caso a resposta seja sim, você já ouviu:

"Cuidado em determinados lugares, andem sempre em grupo, pois sozinho é perigoso".

Você já ouviu que seu carro precisa de alarme e ou seguro, assim como sua casa precisa de seguro, alarme, muros altos, câmeras de segurança, concertina e qualquer outro material que evite "surpresas desagradáveis".

Lembra do adolescente "Champinha"? Do garoto "João Hélio"? Do estudante de fisioterapia com o celular na porta de casa? Já reparou no número de policiais que morrem todos os meses nas cidades brasileiras? Entre inúmeros outros fatos do nosso cotidiano.

Agora o "crime da vez" é o ocorrido em uma favela do RJ, que na minha opinião, só se tornou "crime" em razão do vazamento do vídeo.

Graças a esse, suposto, crime, passamos a ouvir discursos absurdos de que "todo homem é um estuprador" e que existe a tal "cultura do estupro", o pior, partindo daquelas pessoas que defendem o direito de homens que se vestem de mulher usarem banheiros femininos, não dá para entender. 

Não existe "cultura do estupro".

Em uma sociedade que admite que homicídios, latrocínios, furtos, estupros ou qualquer outro crime seja chamado de "ato infracional", pelo simples fato do autor ter praticado com menos de 18 anos de idade.

Uma população que não fica indignada com a morte de policiais e que considera normal os números da violência no país, não pode esperar que bandidos que desde "crianças" podem escolher, sem serem punidos, os celulares, carros e casas das vítimas, não possam escolher a mulher do qual querem transar. 

Não existe "cultura do estupro", o que existe no Brasil é a banalização das leis e a cultura da impunidade.





quinta-feira, 12 de maio de 2016

Cardozo - Um ótimo exemplo.


Quando ingressei na graduação em Direito, lembro de uma das primeiras aulas que assisti, com um dos melhores professores que tive durante toda a graduação e o principal responsável por eu não ter abandonado o curso ainda no primeiro ano. 

Uma aluna perguntou a ele, como um advogado poderia defender um criminoso, que ela não seria capaz de tal feito, ele com a paciência e conhecimento de sempre, citou um autor, que infelizmente não me lembro, e explicou:

"Cabe ao advogado se colocar ao lado de seu paciente, em qualquer situação, se o cliente está sentando na sarjeta sendo humilhado, é obrigação do advogado sentar ao seu lado passar pelas mesmas humilhações se colocando sempre ao lado daquele que defende". 

Confesso, que ao ouvir aquilo, pensei que não passava de romance barato a tal história. 

Mas quando você começa advogar, principalmente bem no início, você se coloca no lugar do cliente e passa por tudo junto com ele, as vezes, muitas vezes, sofre até mais que ele, afinal, você não está acostumado, enquanto que muitas vezes eles estão. 

Outra situação comum no início do labor na advocacia é a falta de confiança (sendo mais claro, o medo de errar e algum juiz te esculachar).

Mas existe juízes e juízes, assim como advogados e advogados, alguns acreditam ser deuses, nas duas profissões, e normalmente, quanto maior o ego menor a competência.   

Mas o que o José Eduardo Cardozo tem a ver com tudo isso? Tudo.

Quem acompanhou a defesa "apaixonada" que ele fez para a presidente e os despachos que recebeu dos juízes em razão delas, deixa claro, todo advogado está sujeito as mesmas
Intempéries no exercício da profissão que escolheram. 



quinta-feira, 17 de março de 2016

Sérgio Moro, a pessoa no lugar errado.


O, agora famoso - querido e odiado, juiz Sérgio Moro foi apenas a pessoa certa no lugar certo. 

Claro, isso para aqueles que acreditam que o Brasil ainda tem alguma chance de se tornar um país sério.

Agora, para aqueles que o acusam de partidário, fascista, anti-pt etc. cabe uma informação:

O juiz não foi investigar o PT ou o ex-presidente da República, tudo começou em um simples posto de combustíveis, graça a alguém que fez um trabalho muito bem feito (a força tarefa) conseguimos descobrir um pouco a respeito da nossa "república".

Não adianta pedir para o juiz investigar (uma que juiz não investiga) a oposição ou etc. melhor torcer para que os funcionários públicos sempre façam um bom trabalho, assim nenhum se torna herói ou vilão de nenhuma história iniciada ao acaso.





sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Documentário - Silenciados

 


Em um país onde a impunidade e a hipocrisia se tornaram comuns, fui surpreendido pelo trailer de um documentário do qual um dos produtores é um amigo (que conheci através das redes sociais).

Claro que o documentário tem alguns detalhes que não estamos acostumados a ver: o foco é na vítima dos bandidos e não nas chamadas "vítimas da sociedade" e eles não obtiveram recursos da Lei Rouanet, só por esses dois detalhes já valeria a pena assistir, mas o trailer é de arrepiar.

Na página oficial do filme no Facebook:

Este é o trailer do documentário nacional "Silenciados". Nele, diferente do que acontece na grande maioria dos filmes e seriados brasileiros, você não verá a defesa de quem comete crimes ou a relativização da violência. Não verá "especialistas" jurando que menores infratores são incapazes de perceber que assassinar alguém é errado. Não verá nenhum sociólogo dizendo que há "muitas prisões" no Brasil, esquecendo-se de dizer também que a maioria dos crimes sequer é investigada. Em "Silenciados", você conhecerá apenas o drama e a luta de quem teve a vida transformada pela ferocidade da violência brasileira, que não escolhe cor, lugar ou classe social. A violência de quem não é suficientemente alertado pela sociedade e pelas leis de que não se deve, em hipótese alguma, tirar a vida de outra pessoa. "Silenciados" está sendo financiado de forma privada, sem qualquer verba ou apoio estatal. A única chance de levar este documentário ao público é tornando-o conhecido a ponto de que ignorá-lo passe a ser impossível. Assista ao trailer: se gostar, não curta apenas: comente e compartilhe também. Se não gostar, entre no debate.


Assista ao trailer: