Sempre fui contra o fato de a sociedade aceitar com naturalidade o convívio com seus criminosos, mesmo os considerados de menor periculosidade.
O estranho hábito de pensar: "sei que ele é ladrão, mas é gente boa. E no mais, nunca furtou nada meu". Afinal, quem é conivente a um furto a terceiro, está, mesmo que de forma tácita, autorizando que os outros também sejam.
Sou favorável a política adotada em Nova York, pelo então prefeito Rudolf Juliane, "Tolerância Zero". Acredito que buscar coibir todos os crimes é a melhor forma de conter, também, os de maior gravidade.
Nas vezes que figurei como vítima, ou testemunha, de furtos ou assaltos, me revoltava e buscava não a reparação do bem, em primeiro lugar, mas sim na captura dos delinquentes.
Recentemente, porém, fui surpreendido com minha atitude perante um furto. Enquanto a vítima, uma colega, se revoltava de forma incisiva contra o desconhecido autor, mesma atitude que eu teria até pouco tempo, eu só me preocupava em uma forma de reaver o bem furtado.
Abrindo mão de descobrir quem efetuou o furto, alienando minha palavra que não delataria de forma alguma caso descobrisse e usando minha amizade com vários adolescentes, consegui recuperar os objetos furtados, um par de retrovisores, que totalizam um valor aproximado de R$ 80,00.
Não acredito, apesar de tudo, que mudei meus conceitos. Mas conhecendo cada vez mais o conteúdo de nossos códigos - como o crime de bagatela - penso eu que, como as pessoas gostam de dizer, estou amadurecendo.
No episódio que acabo de relatar, não enxergo um amadurecimento e sim um apodrecimento dos principais valores, esses que devem ser a base para uma socieade e um país melhor.
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