segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Apenas um clique de diferença.

Acredito que devido ao fato de já ter sido vítima de inúmeros furtos e assaltos a mão armada, eu não consiga encarar tais crimes com naturalidade.

Hoje fiquei sabendo de um comerciante que havia acabado de ser morto por reagir a um assalto. A vítima, de 37 anos, era proprietária de uma padaria, onde ocorreria o assalto e acabou acontecendo o latrocínio.

Os conhecidos da vítima me disseram que se tratava de uma ótima pessoa - quando morre todo mundo diz isso - divertida, calma e que ajudava muito as pessoas.

Fiquei algum tempo me lembrando das vezes que tive a arma apontada em minha direção e que um leve movimento no dedo do meliante e eu não estaria ali. Um simples "clique no mouse" difere um assalto de um latrocínio.

Pouco menos de meia hora se passaram e vieram me contar a localização da padaria e o nome do proprietário, que se tornou mais uma vítima, foi o Fernando da padaria localizada no Vera Cruz.

Ele era um colega meu. Não tínhamos muito contato recentemente, afinal nas palavras dele: "casei, tenho filho e fico na padaria direto, minha vida é bem diferente daquela época, comércio como você sabe é muito cativo, mas fazer o quê? Temos que trabalhar."

Foi mais ou menos essas as palavras que me disse quando conversamos pela última vez, eu como sempre prometi uma visita, que também como sempre jamais fiz, a sua padaria. Há época do qual ele se referiu, ele ainda era solteiro e fazíamos parte da mesma turma, das bagunças, de finais de semana.

As pessoas não mentiram sobre suas qualidades, realmente ele era um "meninão". Não precisou da morte para ter qualidades, como a maioria das pessoas.

Em todas as vezes que fui vítima jamais recebi uma visita, ou mesmo ligação, de uma ONG de Direitos Humanos. Meu colega deixou esposa e, se não me engano, duas crianças. Será que sua família receberá auxílio ou mesmo algum telefonema? Acho improvável.

Quando se critica a atuação dos Direitos Humanos, por defenderem bandidos, os mesmos alegam que todos devem ser tratados com dignidade. Eu apenas não entendo a razão das vítimas, e seus familiares, jamais receberem algum tipo de amparo dos grupos que defendem tais direitos, já que alegam ser para todos.

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