sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Tudo passou a ser justificável.


Segue uma história real:

Quando trabalhei de Agente de Organização Escolar (inspetor de aluno em escola pública do estado de São Paulo), entre vários alunos difíceis, um aluno se destacava.

Nem era por ser o pior de todos e sim por sua história: abandonado pela mãe que era viciada em drogas e suspeita de ter sofrido violência sexual.

O que fazia dele "especial", não era o seu comportamento terrível e muito menos o seu histórico e sim o tratamento que recebia de quase todos os profissionais da escola.

"Não, deixa ele, coitado...", "Temos que ter dó...", "É que você não entende o que ele passou..." etc etc etc

Era um garoto de uns 11 anos quando, ingressei na escola, mirradinho, mas que com o passar do tempo foi ganhando fama entre os alunos e tomando postura de desafiador, afinal, ele não podia ser contrariado, "tadinho". 

O comportamento dele foi só piorando, sempre protegido por aqueles que deveriam o repreender, até o dia que agrediu uma professora - ele já devia ter uns 12 anos - e tentou me acertar um cadeirada.
Tenho que destacar dois pontos a esses acontecimentos: até hoje não sei o grau que foi a agressão, não estava presente, e a cadeirada não passou da intenção, a diferença física entre nós era muito grande.


Foi justamente em razão deste garoto, que decide exonerar do cargo na escola e ingressar na Fundação Casa, ver a diretora da escola o proteger, após ele pular o muro, desrespeitar inúmeras outras regras
e ainda me dizer: "Você precisa entender o caso dele e quem manda aqui sou eu...", foi a gota d'água.
Poucos mais de 1 ano de trabalho na Fundação Casa e reencontro com o mesmo garoto, agora com 14 anos e "apreendido" por tráfico de drogas e roubo (assalto a mão armada).

As vezes, o limite é o que garante o futuro da criança e não as justificativas. Agora tudo é "trauma", "deficit de atenção" etc. 
Lembrei da história, após ver o vídeo que posto a seguir e principalmente a charge que ilustra este texto, quando não se dá limite, a polícia acaba sendo a última a "explicar as regras".