No Brasil, as discussões levam em consideração tudo, menos a realidade de quem a vive.
Na área da segurança pública e da educação então, nem se fala. Soluções lindas e nada realistas são propostas por pessoas que desconhecem a, triste, realidade.
Aproveitando o momento da divulgação da inócua mudança na grade curricular do ensino médio, apresento um excelente texto de uma professora que conhece bem a realidade:
"E lá vamos nós pra mais um capítulo da novela que se tornou a educação... É absurdo como todo mundo, seja lá de que área for e com conhecimento nenhum, interfere em algo tão sério.
Na área da segurança pública e da educação então, nem se fala. Soluções lindas e nada realistas são propostas por pessoas que desconhecem a, triste, realidade.
Aproveitando o momento da divulgação da inócua mudança na grade curricular do ensino médio, apresento um excelente texto de uma professora que conhece bem a realidade:
"E lá vamos nós pra mais um capítulo da novela que se tornou a educação... É absurdo como todo mundo, seja lá de que área for e com conhecimento nenhum, interfere em algo tão sério.
Eu fico pensando em quando é que um
iluminado "lá de cima" vai descobrir que a educação escolar não é para
todos!!!
Que me desculpem os direitos humanos, o ECA, a LDB, os PCNS, os
pactos, deliberações e tudo o mais de papel
burocrático que veio nos dizer que a "educação é direito de todos" e
tornar esse direito um dever, nos fazendo aturar em nossas unidades
escolares aqueles que não possuem problema nenhum em dizer que não
querem estudar e que vão pra escola pra não fazer nada mesmo, só para
contar presença pra que o Conselho Tutelar não "encha o saco".
Veio a
universalização do ensino os enfiando nas escolas, veio a inclusão que
prevê a integração de todos, solicita em tons de ameaça que gestores e
professores se adequem e também à escola para oferecer um processo de
aprendizagem diferente pra esses alunos com necessidades educacionais
especiais, mas que envia material igual para todos e avaliações externas
da mesma forma, que em momento algum levam em conta as possibilidades
de cada um. Temos igualdade, não temos justiça.
Não adianta mudar a
grade curricular, não adianta criar deliberações solicitando e obrigando
o preenchimento de inúmeros documentos que só servem pra ocupar espaço,
não adianta dizer que o professor é tradicional e por isso os "novos
alunos" da modernidade não se interessam pela escola.
Não adianta
acrescentar/diminuir disciplinas, não adianta aumentar/reduzir aulas,
não adianta criar escolas de tempo integral, não adianta oferecer o
mundo pra quem não quer. É preciso parar de estragar um processo por
conta de se obrigar aqueles que não querem passar por este...
Se "o
cara" não quer aprender a ler e escrever que poder temos para obrigá-lo?
Se não quer saber as operações matemáticas que mágica o fará aprender
se ele nem mesmo tenta?
E não adianta me dizer que um adolescente não
sabe das suas escolhas porque ainda não tem maturidade... ele até pode
não saber mas as faz e não é porque está lá na sala de aula contrariado
que vamos garantir a aprendizagem.
A educação vai mal, não por conta dos
malditos índices, pro inferno com eles! Vai muito mal porque nada no
mundo é pra todos, porque não se obriga alguém a fazer algo que não
deseja durante 12 anos!!!
Quando alguém descobrir esse fato tão simples,
ou aceitar essa verdade, aí as coisas podem mudar.
Fogos de artifício,
balões e palmas não trarão qualquer mudança!!!"
Texto da professora: Jaqueline Vieira. Excelente profissional, do qual tive o prazer de trabalhar junto e saber que não é um texto de um teórico.